A Intervenção “Urbano” é mais um dos experimentos realizado por Anibal Pacha desenvolvido junto com o Grupo de Experimentação de Teatro em Miniatura (GETM).
O pequeno objeto, preso ao corpo do performer, tem como imagem externa uma metrópole confeccionada em papelão (suporte fechado) e dentro uma paisagem ribeirinha em miriti (conteúdo). O confronto dessas duas imagens convida o público ao deslocamento interno, a um tempo de pausa, de intervalo e de suspensão.
Esse trabalho teve sua estréia no dia 6 de dezembro de 2009, na Praça Batista Campos em Belém do Pará. Desde lá tem mantido apresentações sistemáticas nos finais de semana que inclui também a Praça da República. Essa seqüência de apresentação tem ajudado, junto com o público, no amadurecimento da proposta.
No domingo dia 14 de março foi acrescentando mais um elemento (o que faltava) a sonoplastia, utilizando MP3 e fones de ouvido para a execução. Esse novo elemento contribuiu para que o contraste das situações (externo e interno) ficasse mais em evidencia: a trilha sonora de um transito enlouquecedor com a cena tranqüila de uma imagem ribeirinha. Percebi que com esse novo elemento o público se aproximou muito mais tranqüilamente sem a desconfiança da “pegadinha”.
Tive que refazer a partitura corporal para introduzir mais este elemento. No início foi um pouco atrapalhado mais depois da vigésima apresentação tudo fluiu mais tranquilamente.
Chequei às 10:30 e sai às 14 horas com apresentações ininterruptas com um intervalo de segundos para uma água. Terminei as apresentações com a sensação que tinha fechado a idéia desse trabalho. Minutos depois me veio a pergunta: quem é esse performer (ator-manipulador) que carrega esse espetáculo na sua frente? Que imagem ele deve ter na leitura visual da forma no trabalho? Que corpo e que atitude ele deve apresentar no momento da intervenção?Perguntas e mais perguntas, não acabam nunca. Que bom. Mais um tempo para pensar e experimentar. Depois, é outro momento.
Pesquisar é exatamente se vê apaixonado pela descoberta de soluções para problemas que nós mesmos formulamos. Vejo que tens ti permitido refletir e reavaliar a tua prática do "Urbanus" tentando sanar aquela "lacuna" de que conversamos algumas vezes. Os questionamenos que tú mesmos estais ti impondo certamente ti levaram a amadurecer a conduta do Performer na sua relação com a plateia. Estou curioso para assistir novamente teu trabalho(agora com sonoplastia), para poder contribuir de modo mais consistente com tuas inquietações. Mas, antes mesmo disso acontecer, acrescento algumas outras questões pra ti matutares: Faria diferença se a sonoplastia viesse de dentro da caixa e não de um fone de ouvido oferecido ao espectador? A sonoplastia apresenta-se como elemento narrativo ou simplesmente como "imagem sonora"?
ResponderExcluirÉ isso Pacha. Agora é ficar matutando e continuar experimentando para que o teu objeto de pesquisa cresça ainda mais.
Edson Fernando
Tenho algumas respostas para as questões que me colocaste.
ResponderExcluirAcredito que a sonoplastia é externa a caixa por mera aglutinação. Ela tem haver com o externo quando pensei no que seria esse som. O resultado esperado era criar um embate entre o som externo e imagem interna. Eu percebi, com as apresentações com a sonoplastia, que o publico, em um primeiro momento se confronta com a parte plástica, como é feito e o material. Quando coloca o fone, escuta a sonoplastia e assiste a cena interior, ele sai com um olhar mais focado e percebe bem mais o objeto externo e a sua relação com o interior. Essa situação se repetiu muitas vezes na estréia da sonoplastia. Não experimentei com o som interna. Vamos pensar nisso.
A segunda questão. Quando concebi a sonoplastia foi simplesmente com “imagem sonora” simplesmente para manter o externo no interno. Desta forma, inconscientemente, eu já tava tratando ela como uma narrativa fundamental para a essa dramaturgia. Engraçado, quando eu dou o fone para a pessoa que vai assisti eu determino: é teatro. Estabelece-se o jogo. Eu tiro a pessoa do estado de alerta para o de suspensão. Ela precisa, agora, saber com quem está jogando. Me incomoda perguntas como:“foi tu que fizeste?”, “que bonito”, “parabéns”.Isso distancia o performer da ação cênica ao qual eu quero. Preciso descobrir quem é essa personagem que carrega esses prédios de papelão.
Obrigado pelo comentário inté mais.