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domingo, 15 de maio de 2011

6º, 7º e 8º Encontro (turno/tarde): Imagem Disparadora, Leitura Visual da Forma e Roteiros dos Projetos

A oficina de formação (turno/tarde), encerrado o primeiro ciclo de atividades que culminou com o exercício prático de Intervenção na rua com o suporte "Máquina Fotográfica", inicia agora sua fase de seminários e reflexões teóricas sobre os procedimentos metodológicos adotados pelo GETM, seminários e reflexões estas que tem como meta  a elaboração e execução de novos projetos artísticos que serão realizados pelos participantes. 

No 6º Encontro, realizado em 30 de abril, o tema das reflexões centrou-se no conceito desenvolvido pelo dramaturgo argentino, Maurício Kartun, qual seja, Imagem Disparadora. A responsabilidade pela condução dos trabalhos coube ao inquiridor Anibal Pacha, que inciou apresentando os três modos pelos quais pode-se desenvolver a Imagem Disparadora: 1 - Com a combinação de duas palavras; 2 - Com a junção de dois objetos; 3 - A partir de imagens (fotografias, gravuras, pinturas, etc.).  

1- Quando se trabalha com palavras exige-se primeiramente, a seleção de diversas palavras relacionadas com o tema proposto; em seguida procede-se a combinação entre elas, formando duplas de palavras. Recomenda-se não usar verbos, adjetivos ou palavras abstratas; as palavras devem remeter  a substantivos. Em seguida, escolhe-se qual das combinações elaboradas criou uma boa tensão dramática; será essa a Imagem Disparadora.

2 - Quando se trabalha a partir de objetos, primeiramente elege-se dois, intimamente ligados ao tema que esta sendo desenvolvido; em seguida procura-se formas de colocá-los lado lado, sobrepostos ou até mesmo encaixados um no outro, para então gerar uma tensão dramática.

3 - E por fim, quando se trabalha a partir de imagens (fotografias, gravuras, pinturas, etc), deve-se proceder rigorosa observação de todos os seus elementos constitutivos.   
 
Independentemente do procedimento adotado para o desenvolvimento da Imagem Disparadora, resaltou Anibal, o fundamental é trabalhá-la na perspectiva de conceber a poesia pela forma e não de modo conceitual/racional.  Assim, depois de escolher por qual dos três modos se irá proceder,  trabalha-se a partir do estabelecimento da tensão dramática, desenvolvendo o processo exautivo de perguntas sobre a relação entre as palavras, os objetos ou sobre os elementos constitutivos da fotografia ou pintura que acabou de ser analisada. Essas perguntas não devem obdecer lógica ou linearidade com as respostas obtidas,  pois não se trata ainda do estabelecimento do roteirto da cena e sim, o que no GETM chamamos de Banco de Dados , isto é, o acervo de respostas (pensamentos) intimamente relacionadas ao tema proposto, e  que  posteriormente possibilitará a metafora fundamental da cena.

Seminário finalizado, Anibal passou ao processo de elaboração das Imagens Disparadoras dos participantes, submetendo-os a severa observação dos seus respectivos temas, e o resultado deu-se da seguinte forma:

Alessandra Nogeura, cujo tema é Palhaço, trabalhou pelo procedimento a partir das palavras:
Palavras levantadas: nariz, gente, brinquedo, olho, flor, palhaço, fio, bola, sapato, roupa, criança, corpo, boca, coração, lona, gente, caminho.

Algumas associações/composições: roupa de brinquedo; olho de gente; sapato no caminho; flor nariz; gente de brinquedo; palhaço criança; coração na boca; palhaço flor; flor palhaço; nariz flor; coração nariz.....

Associação escolhida a princípio: Flor nariz; Flor de nariz de palhaço
Para pensar:
- o palhaço olha com nariz
- quando o palhaço aponta o nariz para o mundo, tudo muda de figura
- o que é ser palhaço?
- ‘missão’: levar riso para o outro; alegria
- alimento: meu e do outro – alegria; criança
- aceitar minhas tolices e as dos outros
- convite ao jogo
-‘ quanto mais longe do circo, mais eu encontro o palhaço...’ (música)

Depois dessas reflexões Alessandra definiu Flor de Nariz como Imagem Disparadora.

Claudia Santiago, cujo tema é Esperança, também trabalhou a elaboração de sua Imagem Disparadora a partir de palavras:
palavras relacionadas: Cama / Nariz / Flor / Lona / violão / criança / Flauta / Jardim

associação: Cama/Nariz .  Flor/Lona.   Violão/Criança.   Flauta/Jardim

Junção: Flor de Lona / Jardim na Cama / Violão no Nariz / Criança com Flauta
  
Ao final desse processo Claudia se decidiu por Jardim na Cama. 

Maria Carolina, cujo tema é Opressão, definiu Cabeça de Cadeado como Imagem Disparadora;
Francerlin, cujo tema é Dualidade, definiu Casulo de Raio com Imagem Disparadora;


Os demais participanetes se fizeram ausentes nesse encontro.

Desse modo, Anibal  finalizou o 6º encontro encaminhando exatamente o processo de elaboração do roteiro dos projetos dos participantes a partir de suas Imagens Disparadoras.   

O 7º Encontro, por sua vez, iniciou com  apresentação do Seminário Leitura Visual da Forma, conduzido pro Anibal Pacha. O seminário teve por principal objetivo refletir sobre princípios norteadores e categorias conceituais da Leitura Visual da Forma, para que cada participante posteriormente possa aplicá-los em seus respctivos projetos.

Depois das explanações de Anibal, o processo da Imagem Disparadora foi retomado. Cada participante procedeu a leitura da pequena história elabaroada apartir das perguntas e respostas feitas as suas Imagens Disparadoras.

Alessandra Nogueira:
1º texto-exercício: Imagem Disparadora - Flor nariz
Num lugar quase escuro (penumbra) havia um coração no chão sozinho. Depois de um tempo ele começa a pulsar ainda sozinho. De repente passa um homem de brinquedo e solta um peido. O coração se abre com o barulho e nasce uma flor nariz, dando gargalhadas. O homem olha para a flor e sem jeito dá um suspiro. A flor começa a se abrir na luz. Com o barulho do homem de brinquedo, as pessoas que estavam no escuro, começam a aparecer para ver a flor. Elas dizem: olllhhhhhhhhhaaaaaa!!!!! A flor nariz de palhaço começa a dar mais gargalhadas e se treme toda. O homem encantado vai até a flor nariz de palhaço e a arranca e põe no rosto. Olha os outros. A luz que estava na flor ilumina agora todo o espaço. Silêncio. O homem de brinquedo olha para os outros, que olham para o homem e começam a virar crianças. Todos se olham e gargalham iluminados. De repente o homem palhaço olha para olho que vê tudo e vai até ele, tira o nariz e dá para quem olha ( o espectador).

Claudia Santiago, cuja Imagem Disparadora é Jardim na Cama, elaborou as perguntas e as rrespostas, mas não conseguiu desenvolver a história:

- Quem é Jardim na cama?
R: Crianças com fé.
- Onde ficão as crianças? 
R: Andando pelo Espaço
- Quando elas iram parar de andar?
R: Quando a dor cessar.
- Por que elas tem Dor? 
R: Porque perderão seus brinquedos.
- Como elas perderão os brinquedos? 
R: Deitadas na cama.
- E quem viu? 
R: As flores
Após a leitura dos exercícios desenvolvidos pelos participantes, abrimos para discussão do material apresentado, e insistimos para que cada participante procurasse reelaborar suas proposições, pois elas padeciam de poesia, ou melhor a construção poética cedia lugar a um processo de racionalização dos elementos constitutivos da Imagem Disparadora. Salientamos que a Imagem Disparadora deve desencadear a construção da poesia pela forma para evitar elaborações conceituais e explicativas demais. A poesia deve afirmar-se pela forma sugerida por cada Imagem Disparadora. Os participantes ficaram, então,  incumbidos de apresentar no próximo encontro todo seu material reelaborado, para que então, eles possam efetivamente transformar-se em roteiro dos seus projetos.

O 8º encontro concentrou toda as atividades em torno da leitura e questionamento das histórias reelaboradas pelos participantes, a partir das Imagens Disparadoras. Alessandra Nogueira foi a primeira a paresentar sua história reelaborada a partir das novas indicações e provocações do último encontro, que ainda sem título definido apresentou-se da seguinte forma: 

Era uma vez um bichinho miúdo e redondo (proposta na discussão: soldadinho) que nasceu das pedras. Ele era cinza, mas seu grande sonho era ser vermelho para enxugar as lágrimas das pessoas (indicação: isso tem que ser resolvido fora da caixa).
Andando por aí, encontra um homem de brinquedo (saber quem é esse brinquedo) e conta seu segredo. O homem lhe entrega uma caixa. Dela sai uma criança (infância?). O bichinho encantado começa a brincar com a criança: pulam, brincam, saltam.....
De repente o bichinho começa a sentir alguma coisa no corpo, se revira, treme. Um som de coração batendo é escutado. Então o bichinho fica vermelho e tudo começa a ficar colorido. Flores aparecem, estrelas, corações....
A luz apaga e ele fica pulsando ao som da gargalhada da criança. Ele fica vermelho. Black.

Após a leitura, foram feitos os questionamentos e sugestões sobre o texto. A partir desse momento Alesandra chegou ao rascunho do projeto definitivo.

Título: Pedras, para enxugar lágrimas
Era uma vez um bichinho pedra, miúdo e redondo. Nasceu das pedras. Ele era cinza, mas seu grande sonho era ser vermelho para enxugar as lágrimas das pessoas.
Andando por aí, encontra um homem de brinquedo de miriti. O homem lhe entrega uma caixa de música. Ao abrir a caixa, começa a tocar uma música com o tema da infância. O bichinho pedra encantado começa a brincar; sente alguma coisa diferente no corpo e fica vermelho. Black.
(continua...)