Você já deve ter se deparado com um tipo muito peculiar de pessoa que adora espreitar, muito desconfiadamente, o que acontece num raio de distância próximo de si. Curioso e desconfiado, “ele” vai se aproximando disfarçadamente, olhando pros lados, como se estivesse fazendo algo de reprovável, tentando ouvir alguma coisa que lhe esclareça as dúvidas, mas sem nunca tomar a iniciativa. Percebendo que seus esforços são vãos “ele” resolve se aproximar, depois de conferir que outros se submeteram a experiência misteriosa e que nada explodiu, não houve choque elétrico e nem mesmo torta na cara. Quem se aproxima neste caso é um autêntico Popular, tipo especial de pessoa cujo habitat natural, segundo Luis Fernando Veríssimo, situa-se “a margem dos acontecimentos”. O terceiro episódio da saga de nosso herói, Adegesto Patáca, aconteceu exatamente confrontando o Popular com nosso destemido mesário. A incredulidade do Popular diante do acontecimento mais importante da democracia brasileira irritou Patáca que seguiu desferindo duras críticas aqueles que se recusam a participar do processo. O primeiro embate se deu com um “Popular Aposentado” que nem sequer se prestou a levantar-se do banco da praça onde estava sentado para conversar com Patáca; sem ao menos deixar Patáca explicar-se, saiu espraguejando prefeito, governador, presidente, juiz, a sogra, deus e o mundo. Surpreso com tamanha manifestação do Popular sexagenário, Patáca pouco pode fazer, e quase foi colocado pra correr ouvindo de seu interlocutor, xingamentos ininteligíveis, e a única coisa que conseguiu decifrar foi “Não quero saber de nada!!!”. Isso mexeu com o brio de nosso herói que seguiu mais determinado ainda sua caminhada pelo corredor central da Praça da República, berço urbano da democracia de Belém. Disposto a confrontar-se como outros Populares, Patáca seguiu mais entusiasmado do que nunca. Não tardou e uma nova batalha foi travada, agora com um “Popular Extrema-Direita” que tentou convencer Patáca de que o melhor regime político é a Ditadura Militar. Primeiramente defendendo o voto nulo, que imediatamente recebeu a reprovação de nosso herói, o “Popular Extra-Direita” argumentou dizendo que a Ditadura Militar combateria veementemente os casos de drogas nas escolas, punindo exemplarmente os traficantes, cortando-lhes as mãos. Já em caso de assassinatos, alegou o Popular em questão, o executor receberia a mesma pena que imputou a sua vitima, isto é, a morte. Impressionado com a retórica desse Popular, Patáca quase se deixa convencer, mas quando se lembrou dos brilhantes representantes da democracia brasileira sua lucidez foi reabilitada, e pediu ao “Popular Extrema-Direita” ponderação. Seguindo em sua missão Patáca ainda defrontou-se com alguns “Emo-Popular”, todos alienados e sem documentos não participaram do processo, pois estavam por demais “emocionados”. Quase ao final de sua jornada, Patáca recebeu apoio da fotógrafa Socorro Brasil, que fez questão de fotografar nosso destemido mesário. A experiência com os Populares, apesar de algumas situações surpreendentes, redobrou a responsabilidade de Patáca que sabe da importância de defender o bem mais valioso da nação.
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