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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

República Democrática de Rilexine em: A “Bosta” e o “Lixo”.


Aproximavam-se as eleições livres e diretas na República Democrática de Rilexine. Empolgação não se via entre os cidadãos daquele país miserável, mas que se orgulhava de ter um povo cheio de alegria, com gente festeira e hospitaleira. Dizia-se por lá que em Rilexine tudo acabava em “trama”, uma manifestação cultural e popular típica daquela república que envolvia música de percussão ritmada, mulher semi-pelada e população alienada. Entre os candidatos que concorriam ao pleito destacavam-se, na dianteira das pesquisas, a Excelentíssima Sra. “Bosta”, então Governadora da república, e o ex-Excelentíssimo Sr. “Lixo”, ex-governador da mesma república. Farpas eram trocadas entre esses dois principais candidatos, pois afinal era tudo que podiam fazer na ausência de plataformas de governo consistentes.  Enquanto a Sra. “Bosta” vangloriava-se de ter exercido o que ela considerava um “governo popular”, afirmando ter modificado a situação de penúria dos mais pobres através de programas sociais como o  “bolsa-otário” e o “bolsa-calaboca-que-eutidoesmola”, pesava contra sua gestão os índices oficiais de desenvolvimento humano, todos diagnosticando estatísticas negativas e vergonhosas, e ainda vários fatos, senão escandalosos, ao menos curiosos como, por exemplo: a nomeação de uma manicure e de uma cabeleireira como assessoras especiais ligadas diretamente a governadoria da república, a compra de kits escolares superfaturados, assinatura de convênio de vinte milhões de “tramas” (“tramas” é o nome da moeda oficial da república), com dispensa de licitação, para a locação de 450 carros que seriam utilizados pela Guarda Militar da República; e ainda  o desabamento do teto da fachada do maior teatro da república, o “Teatro dos Artistas Fora de Cena” (que infelizmente, segundo os populares, não havia desabado na cabeça da excelentíssima); esses e muitos outros fatos que não caberiam numa modesta fábula como esta. Por sua vez, o Sr. “Lixo” aproveitando-se dessa conjuntura caótica, apresentava-se como o grande redentor da república, alegando que nos tempos de sua administração tudo era diferente: o céu era azul, as pássaros cantarolavam alegremente pelas florestas (principalmente os tucanos), os rios gozavam da fartura de peixes, e apesar do povo ser apenas um detalhe os índices de desenvolvimento humano seriam (supostamente) todos favoráveis. Miraculosamente tudo havia se transformado desde o dia em que a “Bosta” se instalou, e a tendência era só piorar, pois como diz a sabedoria popular “quanto mais se mexa na bosta, mais ela fede”. Correndo por fora, havia ainda três outros candidatos, dentre os quais, o terceiro mais bem pontuado nas pesquisas era o Sr. “Merda Pronta”, que apesar de ostentar olheiras senis  vangloriava-se de seu ímpeto juvenil. Segundo “Merda Pronta”, não havia diferença entre a “Bosta” e o “Lixo”, ambos seriam farinha do mesmo saco, com a pequena ressalva de este último ser possuidor da habilidade peculiar para varrer tudo que não presta pra debaixo do tapete, o que explicaria sua bem pontuada aparição nas pesquisas, afinal o povo tem memória curta também em Rilexine. Contudo, pesava contra “Merda Pronta” o fato de seu partido ter participado efetivamente da gestão de bosta, ou melhor, do governo da “Bosta”, onde assumiu algumas secretárias de estado, além do fato de ser considerado por seus adversários políticos como “candidato laranja”, ou seja, uma peça política nos planos do cacique do partido, o também ex-governador “Merdas Passadas”. Completando o quadro de candidaturas ao governo da república, apresentavam-se ainda na disputa os candidatos “BostinhadeCarneiro” e “BostanoCabelo” que nem sequer pontuavam nas pesquisas, mas estavam ali para propagar seus supostos discursos ideológicos de esquerda.  Assim, chegado o dia da votação eleitoral o que se viu, apesar de tudo, foi o comparecimento maciço do povo às urnas com muita resignação (em Rilexine o voto também é obrigatório). Tendo que escolher entre a “Bosta”, o “Lixo”, a “Merda Pronta”, o “BostinhadeCarneiro” e o “BostanoCabelo” não restou dúvidas de que o exemplo da República Democrática de Rilexine atesta com precisão que apesar de tudo: “É da bosta que o povo gosta!!!”.

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